17 de mar. de 2010

Impressões sobre o novo Estadão

Capa do Estadão desta terça, 16/3
Ildo Golfetto e Rodrigo Cunha // No último domingo, 14/3, o jornal O Estado de S.Paulo lançou seu novo projeto gráfico, redesenhado com apoio do escritório catalão Cases i Associats, que já realizou reformas anteriores no diário paulistano. Apesar deste blog tratar sobre jornalismo de revista, vale a pensa apresentar nossas considerações sobre este redesign e que significamente é possível também repensar nas próprias estruturas das revistas, tanto faz se no impresso ou no on-line.

Entre as grandes mudanças que foram apresentadas no jornal foi a tipografia, desenhada exclusivamente pelo tipógrafo português Mário Feliciano - cabe cita o nome delas, Estado Headline, Estado Fine e Flama. Na nova tipografia houve um ganho de velocidade de leitura dos textos e de espaço para inclusão de mais informações, já que houve um 'achatamento' se compararmos com as fontes utilizadas anteriormente. As fontes ficaram agora muito mais parecidas com as utilizadas pelos jornais europeus como El País (Espanha) e Expresso (Portugal), que também tiveram a assinatura de Feliciano.

Outra grande mudança ficou por conta do redesenho da ex-libris que acompanha o diário desde sua longa história de existência. O jornaleiro francês Bernard Gregoire saía a cavalo pelas ruas de São Paulo, barrete branco na cabeça e maços de jornais debaixo do braço gritando as notícias está retratado na ex-libris agora redesenhada, na cor cinza e destacada logo abaixo do nome do jornal, na capa. A marca também foi adotada no logotipo do portal na internet.

Comparativo entre a nova e a antiga tipografia
Também um destaque que agradou ficou por conta da valorização das imagens de impacto, que geralmente podem vir sozinha nas páginas, marcando um equilíbrio juntamente com o texto e outros elementos gráficos. Outras questões como a mudança na colunagem na capa (que passou a ter cinco colunas) e novos cadernos também podem ser citados aqui.

Mas a grande mudança de fato, que poderia vir com o novo projeto gráfico, seria a mudança no formato. Continua o mesmo jornalão do tamanho standard. No Brasil, há uma certa resistência dos jornais em continuar com o formato grande, geralmente mais difícil de ler quando não se tem um apoio plano. O ideal atual é trabalhar com formatos menores como o berliner e o tablóide - ainda há uma referência nacional de que tablóides são jornais sensacionalistas e populares, como os famosos estereótipos diários ingleses. Alguns já se propuseram a experimentar formatos menos como o Correio* (BA), O Norte (PB), Diário da Borborema (PB), Jornal do Brasil (RJ), Diário do Amazonas (AM), Tribuna do Norte/O Poti (RN), entre outros.

Portal
Portal de economia se diverge
com a página inicial do Estadão.com.br
O Estadão.com.br pecou na profusão do azul nas laterais, pois é um tom que cansa o olhar devido ao nível de "lightness" da tonalidade escolhida. Um tom menos saturado apresentaria um resultado muito melhor. Isso não foi encontrado, por exemplo, com a sessão de Economia, em que são utilizados tons castanhos.

Outro fator que pode incomodar no novo site é o entrelinhamento e os espaços que separam uma notícia da outra. Aparentemente tudo está mais 'espemido', não há um respiro entre o título, subtítulo e as chamadas para as matérias subsequentes. Além disso, há pouco contraste entre fundo e o texto: a letra está menor e novamente com o azul prevalecendo e tornando a leitura cansativa.

Apesar do editor do portal ter afirmado que o Estadão agora segue um padrão europeu de organização do site, uma boa referência pode ser o portal da rede britânica de radiodifusão BBC, que é bem resolvido em muitos aspectos. Atentem para o espaçamento entre as chamadas. Para quem quiser se aprofundar no assunto, o livro do Felipe Memória fala um pouco de como foi projetado a primeira reestruturação do website da BBC, que deu origem a estrutura atual.

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